
Por Neila Fontenele, psicóloga clínica.
Quando se fala em mulher, normalmente carregam-se vários tipos de idealização. A verdade é: a palavra “mulher” não é suficiente para abarcar a diversidade de perfis e as peculiaridades de cada uma de nós, diante de nossa própria história.
As questões são tantas que o psicanalista francês Jacque Lacan chegou a dizer que “a mulher não existe”. Ou melhor: “não existe no inconsciente um significante para ‘mulher’”.
A afirmação não tem nenhuma relação com as questões ligadas ao patriarcado ou ao feminismo, mas ao imaginário.
Questões teóricas à parte, o grande fato é que, ao longo do tempo, a imagem feminina tem sido moldada também por valores socioeconômicos, gerando aprisionamentos. O mito da beleza é um deles: através da venda de uma ideia sobre a manutenção de uma juventude eterna, vem a proibição sobre a manutenção do ciclo natural da vida, da qual a velhice faz parte.
Para piorar, ainda há questões para a venda de dietas, procedimentos e medicamentos visando a criação de corpos extremamente magros. Ou seja: um cenário perfeito para insatisfações corporais e vários tipos de adoecimento.
O grande fato é que precisamos romper com essas velhas teias e construir novos mitos de beleza, nos quais estejam incluídos todos os tipos de mulher, sem tortura, e com mais amor aos corpos reais.
Nesse Dia Internacional da Mulher, vale pensar em algumas coisas: a primeira delas é que temos liberdade para sermos nós mesmas, sem a necessidade de moldes ou ideias; a segunda consiste no respeito a nossas próprias conquistas; e a terceira passa por um basta aos processos de depreciação.
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